Água, Biodiversidade e as florestas plantadas são temas do Fórum Florestal de São Paulo
O Fórum Florestal de São Paulo contou com a participação de pesquisadores e técnicos convidados e dialogou sobre os temas Água e Biodiversidade e como é a relação desses elementos do ecossistema com o plantio comercial de florestas, nos dias 26, 27 e 28 de agosto na sede da Fibria Papel e Celulose (dia 26) em Capão Bonito e no Parque Estadual Carlos Botelho (dia 27) em São Miguel Arcanjo. Com o intuito de trazer avanços para a conservação destes bens naturais, em ambos os dias de encontro e para os dois temas, ficou evidente a necessidade de integração dos atores da paisagem e da atuação que tenha como base um planejamento do manejo do ecossistema onde as florestas plantadas estão inseridas.
O primeiro dia teve como tema “Água e Floresta” e contou com a presença e contribuição do Prof. Dr. Walter de Paula Lima, Prof. Dr. Silvio Ferraz, Arthur Verchi, Carolina Rodrigues e Clarissa Barreto (ESALQ/USP-PROMAB/IPEF). O encontro foi iniciando na Estação Linimétrica (Vertedouro) da Fazenda Boa Esperança (Fibria) onde foram esclarecidas dúvidas sobre o trabalho de monitoramento da qualidade e quantidade de água que está em atividade desde 2001 e é feito em parceria com as empresas florestais (http://www.ipef.br/promab/). À tarde o Prof. Silvio Ferraz fez uma apresentação seguida de uma rica roda de conversa entre os participantes quando foram levantados pontos importantes para a conservação da água:
1 – Necessidade de estabelecimento de uma proporção floresta nativa e plantada na microbacia.
2 – Precaução em relação ao plantio de espécies/variedade que aumentam a produtividade ou com vistas a diminuir o ciclo de corte.
3 – Reforço da necessidade de colheita em mosaico.
4 – Considerar os fatores que conferem resiliência a microbacia como: tipo de solo, declividade, profundidade do lençol etc.
5 – Manejo adequado de estradas com tendência a redução da malha viária, e do solo (cultivo mínimo, curvas de nível, bacias de contenção etc.), favoreça a recarga hídrica e direcionamento da água da chuva para infiltração.
6 – Modelagem para prever respostas ambientais.
7 – Ter como base a hidrossolidariedade.
8 – Educação ambiental interna e externa buscando aproveitar o conhecimento de quem está no campo, comunicando os resultados para o público
Participantes do dia 26 de agosto. Foto: Arquivo Fórum SP.
No segundo dia de encontro, após as boas vindas e apresentação feita pelo gestor do Parque Estadual Carlos Botelho, José Maia, foi iniciado o diálogo sobre Biodiversidade, com a apresentação do “Programa de conservação do muriqui-do-sul” (Prof. Dr. Maurício Talebi, ICQAF, UNIFESP, Campus Diadema), seguida do monitoramento de fauna em empresas florestais (Klaus Duarte Barreto, Casa da Floresta). A rodada de apresentações foi finalizada pelo Prof. Dr. José Salatiel (UFSC, Campus Florianópolis) que apresentou uma ampla visão da ecologia de ecossistemas como base para os processos de certificação e monitoramentos realizados pelas empresas florestais, destacando a importância desta abordagem para certificação FSC, fundamentada pela conservação da biodiversidade.
Foram levantados muitos questionamentos e dúvidas sobre a efetividade do que é feito, principalmente em relação às referencias teóricas, delineamento envolvendo metodologia, tempo e espaço (escala de plantio X escala de monitoramento) e trabalhos ditos como monitoramentos mas que na verdade são levantamentos de dados pontuais. Considerações importantes foram feitas como direcionamentos para o planejamento das ações das empresas em relação ao assunto destacando-se:
1 – Necessidade de se analisar a integridade dos ecossistemas X as necessidades humanas.
2 – Abordar a saúde do ecossistema: vigor, organização e resiliência.
3 – Monitoramento de grupos funcionais de seres vivos considerando as atividades da silvicultura, funcionamento dos ecossistemas e aumento ou diminuição dos serviços ambientais.
4 – Direcionar os esforços para espécies críticas é importante, porém complementar quando se fala de monitoramento e manejo de ecossistemas.
5 – Implantar um serviço de inteligência para combate a caça.
O trabalho das empresas florestais com biodiversidade tem um grande potencial de contribuição, porém está em um processo que não necessariamente leva a resultados. É importante analisar a relação da disponibilidade de investimento das empresas com o que realmente leva a resultados e realizar ações para a conservação acompanhada de monitoramentos que sirvam ao planejamento e ajustes nas ações. Está em questão o modelo de certificação e a necessidade de aperfeiçoamento nesse tema que lhe é fundamental.
Participantes do dia 27 de agosto. Foto: Arquivo Fórum SP
Os participantes encerraram o encontro com a ideia de desenvolver ações piloto de planejamento e integração intersetorial em uma microbacia ou área representativa no Estado de São Paulo que promova a conservação da água e da biodiversidade.
O Fórum Florestal de São Paulo é um espaço de discussão sobre questões sociais e ambientais promovido por ONGs e empresas do setor florestal. Seu objetivo é gerar diretrizes e ações conjuntas que tenham impactos positivos sobre a sociedade e o meio ambiente. O Fórum funciona através de uma lista de discussão via e-mail e encontros presenciais que geram documentos, projetos e esclarecem questões sobre a atuação das empresas.