Curso de recuperação produtiva contribui para a conservação na região Sul da Bahia
A região sul da Bahia é conhecida por sua rica diversidade botânica e é reconhecida como um hotspot de biodiversidade. No entanto, essa área também enfrenta sérios desafios socioambientais, incluindo o desmatamento e a perda de biodiversidade devido à expansão agrícola, ao crescimento imobiliário e à exploração madeireira ilegal. Para lidar com esses problemas e promover soluções sustentáveis, o Fórum Florestal da Bahia (FFBA) tem desempenhado um papel crucial desde 2005, mediando conflitos e promovendo acordos entre a sociedade civil, o setor produtivo e o poder público.
Uma das metas do FFBA até 2023 é estimular as melhores práticas na agricultura e o uso de consórcio agrosilvipastoris. Nesse sentido, o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), como membro do Fórum Florestal, ofereceu o Curso de Recuperação Produtiva, em parceria com a Environmental Leadership & Training Initiative (ELTI/YALE) e a Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE), o curso teve como objetivo fornecer aperfeiçoamento técnico, baseado em evidências científicas, demonstrando exemplos de sistemas produtivos que podem transformar paisagens rurais em potenciais corredores de biodiversidade.
O curso, com uma carga horária de 20 horas, foi ministrado online ao longo de quatro semanas, combinando sessões síncronas e assíncronas. Foram realizadas quatro sessões ao vivo, uma vez por semana, permitindo a troca de conhecimento entre os 74 profissionais participantes, incluindo 11 membros do Fórum Florestal da Bahia. O curso contribuiu para a qualificação profissional e a formação de redes colaborativas na região, envolvendo instituições como a UFSB, o IFBA, o Instituto Ciclos, a Fazenda Bom Sossego, Araçá Consultoria, Programa Arboretum, Parque Científico e Tecnológico do Sul da Bahia, Veracel e ICMbio.
Os participantes do curso elogiaram a experiência, destacando a importância da restauração de ecossistemas e a integração da conservação do solo, dos recursos hídricos e da biodiversidade no manejo florestal. A iniciativa reflete a crescente conscientização sobre a importância da restauração e conservação ambiental na região e a necessidade de formação técnica de qualidade.
O curso de Recuperação Produtiva é parte do DISPERSAR (Programa de Formação Inicial e Continuada em Restauração de Ecossistemas), uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE) em parceria com o IPÊ. O DISPERSAR visa tornar a formação técnica de qualidade em restauração de ecossistemas acessível e democrática por meio de cursos online e gratuitos.
Para a engenheira florestal Daniela Vicente Veras que participou do treinamento, “o curso ofereceu um leque de opções para o diálogo entre extensão rural e produtor sobre a importância de se estabelecer uma nova relação com a floresta nativa com um viés de retorno econômico integrando a conservação do solo, dos recursos hídricos e ainda da biodiversidade através do manejo desta floresta”.
Marcelo Delfino, biólogo da Araçá Consultoria Ambiental e Agronômica, também participou do curso e teve uma excelente experiência. “O curso contou com uma ótima estrutura de conhecimento, onde os tópicos foram abordados de forma ampla e foram detalhados em estudos de caso a partir de iniciativas concretas, complementando o ensino. O curso foi excelente e permitiu que pudesse visualizar de forma abrangente diferentes iniciativas da cadeia de restauração, sendo uma boa oportunidade de me aprofundar no tema e formar uma base de conhecimento para continuar os estudos no assunto”, afirmou.
Segundo a coordenadora do Programa Brasil IPÊ/ELTI/YALE, Maria Otávia, o curso contou com a participação de instrutores com ampla experiência nos sistemas apresentados, o que permitiu aos alunos e alunas maior possibilidade de sucesso na adoção ou adaptação de modelos e práticas de manejo.
De acordo com a coordenadora executiva nacional do Diálogo Florestal, Fernanda Rodrigues, essa ação colabora com as ações prioritárias definidas durante a etapa de campo do Diálogo do Uso do Solo no entorno do Parque Nacional do Pau Brasil e Estação Veracel. A visão construída foi de “Em 10 anos esperamos ter as unidades de conservação conectadas com fluxo da fauna e da flora, incluindo áreas de conservação da vegetação nativa e de produção sustentável, com todos(as) os(as) proprietários(as) engajados(as) na formação do corredor em convivência pacífica.” Para isso, segundo ela: “A capacitação foi uma das ações definidas como mais prioritárias para alcançar a visão da paisagem. Este curso colaborou para isso”.
Para obter mais informações sobre o DISPERSAR, visite: https://sobrestauracao.org/dispersar
Autoria: Juliane Ferreira