Diálogo Florestal divulga carta aberta à COP 30
Elaborada em conjunto por membros da organização, o texto é dividido em quatro tópicos: A Base do Clima é a Floresta em Pé, mas é preciso muito mais; Populações que Vivem e Dependem da Floresta; Sociobioeconomia e Certificação Florestal; Educação Ambiental e Combate à Desigualdade.
“A base da estabilidade climática está nas florestas em pé, mas é preciso muito mais”, é o que diz a carta aberta do Diálogo Florestal (DF) à COP 30. O documento é direcionado autoridades que trabalham na realização da cúpula climática, entre elas representantes oficiais dos países signatários, autoridades subnacionais, a secretaria da COP além de quem implementa soluções, como representantes da sociedade civil, setor privado, movimentos sociais, povos indígenas, universidades e centros de pesquisa.
No primeiro tópico, o DF defende que é “necessário trabalhar para a implementação de políticas para redução do desmatamento, fiscalização eficiente e incentivos econômicos para conservação, para a ampliação de áreas protegidas, garantir a integridade de territórios indígenas e unidades de conservação e criar mecanismos de compensação que valorizem serviços ambientais, vinculados a metas verificáveis”, entendendo que sem florestas em pé não é possível sequer falar do combate à crise climática. Neste cenário, a promoção do manejo florestal sustentável, a restauração produtiva e a plantação de árvores para substituição do carvão mineral são importantes ações. As árvores são fundamentais para a manutenção do equilíbrio ambiental e a saúde do planeta. Ao crescer, elas absorvem e armazenam o carbono presente na atmosfera, atuando como poderosos aliados no enfrentamento da crise climática e na preservação da vida na Terra.
Em seguida, é destacada a necessidade de diálogo com populações locais, participação social efetiva e reconhecimento do papel central das populações que vivem, dependem e cuidam desses territórios. Assim, “garantir direitos territoriais, com titulação de terras e combate à grilagem é uma estratégia prioritária diante da urgência climática”.
Outra demanda é por políticas para o fortalecimento da “sociobioeconomia como estratégia concreta de desenvolvimento sustentável, a valorização de certificações florestais que incentivem o manejo responsável e a conservação, e o investimento na restauração de ecossistemas como pilar da transição climática”.
A organização lembra a importância da educação ambiental e do combate à desigualdade. Assim, o DF conclama o apoio e fortalecimento de “iniciativas já existentes de povos e comunidades que vivem das florestas e as protegem, muitas vezes enfrentando desigualdades e riscos sem o devido respaldo institucional”.
Por fim, o documento reforça que a COP 30 deve ser a COP da implementação. “A integração das agendas de clima e biodiversidade é urgente — e deve ser norteada por justiça, equidade e corresponsabilidade”, finaliza o texto.
Sobre o Diálogo Florestal
O Diálogo Florestal é uma iniciativa pioneira e independente que facilita a interação entre representantes de empresas, associações setoriais, organizações da sociedade civil, grupos comunitários, povos indígenas, associações de classe e instituições de ensino, pesquisa e extensão. Nasceu destinado a ser um espaço qualificado para o diálogo entre setores historicamente antagônicos, como, por exemplo, empresas do setor de base florestal e organizações ambientalistas. Conta com 250 membros em sete Fóruns Florestais regionais.
Autoria: Cândida Schaedler
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto e Fernanda Rodrigues
Foto: (CC) Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real