Diálogo Florestal lança segunda edição de publicação que traz casos de sucesso no setor florestal
Foram divulgados nesta quarta-feira, 23, os vencedores da iniciativa Casos de Sucesso: Árvores Plantadas e Sociedade. O anúncio aconteceu durante o Encontro Nacional Diálogo Florestal 2020. Esta é a segunda edição da publicação, que apresenta boas práticas na relação do setor florestal com a sociedade. No total, foram recebidas 14 candidaturas de todas as regiões brasileiras. Essa edição trouxe, excepcionalmente, uma menção honrosa, pois o projeto, apesar de não ter figurado entre os três mais bem pontuados, apresentou características importantes, o que levou a comissão a inclui-lo na publicação.
Por meio de uma chamada pública, os organizadores receberam as inscrições, que foram analisadas por Comissão Avaliadora independente, formada por Andrea Azevedo, diretora de Desenvolvimento Institucional na Conexsus – Instituto Conexões Sustentáveis; Rodrigo Castro, líder da Solidaridad Network no Brasil, promovendo inclusão social e sustentabilidade nas principais cadeias produtivas da agropecuária; e Sérgio Adeodato, jornalista especializado em sustentabilidade e autor do Caderno do Diálogo sobre silvicultura e comunidades.
A Comissão buscou identificar as melhores práticas da relação do setor florestal de plantações com comunidades, povos indígenas, quilombolas, trabalhadores e/ou a sociedade em geral, a partir de uma pontuação relacionada a critérios como escala, impacto e abrangência, geração de valor e engajamento social. Puderam participar empresas, organizações e/ou proprietários (as) rurais que atuassem no setor florestal e que fossem os responsáveis pelo projeto.
De acordo com Fernanda Rodrigues, secretária executiva do Diálogo Florestal, a publicação faz parte dos objetivos e metas da entidade até 2022, que prevê “Fortalecer e multiplicar ações de conservação da natureza nos territórios de atuação do Diálogo Florestal”. O lançamento da primeira edição aconteceu em 2019, durante o Encontro Nacional realizado em Belo Horizonte (MG), e a proposta foi bem aceita, o que fez com que a plenária aprovasse a continuidade da iniciativa, que passou a ser realizada anualmente.
“O Diálogo Florestal acredita que o projeto traz notoriedade aos casos mais bem avaliados dentro dos critérios estabelecidos. Além disso, a definição e divulgação desses critérios por si só já são um resultado importante, apesar de intangível. Boas práticas devem ser compartilhadas e difundidas, pois têm o poder de inspirar, e boas intenções devem ser seguidas de ações e esforços para aumentar o alcance e os impactos positivos. Em tempos de pandemia, desejamos que essa publicação possa inspirar e ajudar a restaurar a confiança nas pessoas que lideram e trabalham no dia a dia para o bem da sociedade”, declara Fernanda.
Conheça os vencedores (para acessar os casos na íntegra visite a página das publicações do Diálogo Florestal)
1º Lugar: Programa Colmeias
A iniciativa liderada pela Suzano SA desde 2005 promove o desenvolvimento local por meio do fomento da cadeia apícola em áreas da empresa. Por meio do programa, são propostas ações de capacitação e assistência técnica gratuita ao manejo e produtividade das colmeias, organização dos apicultores em associações e/ou cooperativas e gestão do negócio.
Inicialmente implantado no sudoeste de São Paulo, atualmente, o projeto foi extendido para os Estados da Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Pará e Tocantins. São 1.014 famílias atendidas em 42 associações de produtores, que somam juntos quase 20.000 colmeias dentro das áreas florestais da empresa no Brasil.
A principal característica que diferencia o Programa é a iniciativa de fomento à autonomia dos grupos de apicultores. Com foco na gestão sustentável das associações de produtores, é incentivada a criação de fundo de reserva para subsidiar o próprio desenvolvimento dos grupos de apicultores do programa. O fundo garante recursos e fluxo de caixa para as operações de beneficiamento, envase e comercialização, conectados à movimentação das economias locais.
Com bom desempenho na produção e qualidade reconhecida, a produção de mel do Programa Colmeias no Estado de São Paulo já chegou a representar 30% da produção paulista e até 80% da produção do Estado do Espírito Santo. O mel da florada do eucalipto possui certificação orgânica, o que garante a procedência e a qualidade de um mel 100% natural e livre de resíduos, o que abriu portas para o produto em mercados como Estados Unidos, Ásia e Oriente Médio.
2º Lugar: Programa Matas Sociais – Planejando propriedades sustentáveis
Em parceria com a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com apoio das prefeituras locais, agricultores, associações e cooperativas, a Klabin está à frente do programa Matas Sociais – Planejando Propriedades Sustentáveis. A proposta é fortalecer aspectos ambientais, sociais e econômicos de pequenas e médias propriedades rurais no Paraná.
As ações atendem famílias agricultoras das mais de 96 comunidades, além de professores, gestores públicos, lideranças comunitárias e extensionistas rurais. O objetivo é viabilizar a permanência dos agricultores no campo a partir do exercício de uma atividade econômica relevante.
Como resultados, a população dos municípios atendidos passaram a ter acesso a uma alimentação de qualidade, com produtos locais. Para a Klabin, o resultado é a concretização de sua Política de Sustentabilidade, pautada no apoio ao desenvolvimento local das comunidades onde atua. O programa contribui no atendimento de 11 das 17 Metas do Milênio, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Os resultados também incluem a elevação da renda de pequenos produtores rurais dedicados à agricultura familiar, aumento da produção de alimentos e venda para novos mercados, redução do uso de agrotóxicos, apropriação de novas tecnologias, organização produtiva e educação inclusiva.
3º Lugar: Projeto Aflorar
Concebido pela empresa Norflor, localizada na bacia do Rio Jequitinhonha, divisa entre os municípios de Grão Mogol, Padre Carvalho e Josenópolis, norte do Estado de Minas Gerais, o Projeto Aflorar atende famílias com alto índice de vulnerabilidade social, oferencendo orientação e acompanhamento no plantio de hortas orgânicas e sistema agroflorestal (Quintais Florestais). O objetivo é contribuir com a melhoria da qualidade de vida das famílias, tanto por meio da segurança alimentar, quanto com o incremento de renda e a diversificação econômica local, utilizando dos saberes e práticas artesanais da comunidade.
Por meio das parcerias com Emater e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foram realizadas oficinas educativas e capacitações para os agricultores, de forma a fortalecer as habilidades, os conhecimentos e as potencialidades da comunidade. Com isso, os participantes implantaram hortas individuais que trazem diversificação na alimentação diária das famílias e hortas comunitárias para promover trabalho e renda em associação.
Entre os resultados alcançados estão a inserção de alimentos saudáveis ao consumo diário, melhorando a qualidade da alimentação de mais de 500 pessoas diretamente beneficiadas pelo projeto, aperfeiçoamento do conhecimento e inclusão de novas técnicas de cultivo por meio das oficinas, regularização dos agricultores habilitando-os a participar de licitações, incremento da renda familiar, ocupação remunerada para as mulheres, melhoria no relacionamento e diálogo entre comunidades e Norflor.
Menção honrosa: Resgate de abelhas nativas e fortalecimento da cadeia de valor da meliponicultura
A empresa Suzano SA realiza no município de Aracruz, litoral do Espírito Santo, um projeto em parceria com os povos indígenas Tupiniquim e Guarani: a meliponicultura – criação de abelhas nativas sem ferrão. A atividade integra o Plano de Sustentabilidade Tupiniquim e Guarani (PSTG), programa fundado em 2012 com o objetivo de promover a coexistência saudável e sustentável entre a comunidade indígena e o empreendimento.
Atualmente, mais de mil colônias de abelhas nativas são manejadas no território Tupiniquim e Guarani de Aracruz por aproximadamente 70 famílias indígenas. São comercializados mel, pólen e cera sob a linha Tupyguá, uma marca 100% indígena cuja construção foi totalmente protagonizada pelos meliponicultores, fortalecendo a identidade cultural e o pertencimento desse empreendimento comunitário.
Autora: Juliane Ferreira.