Diálogo traz ciência a debate sobre água e silvicultura
Um dos pontos mais polêmicos de debate entre o setor empresarial e o setor ambientalista acaba de ganhar uma contribuição da ciência para incrementar o grau de conhecimento e o nível da discussão. Afinal, as plantações homogêneas de árvores como eucalipto e pinus são ou não prejudiciais aos recursos hídricos?
As respostas a essa e a diversas outras dúvidas sobre a relação entre água e floresta são apresentadas na publicação “A Silvicultura e a Água: ciência, dogmas, desafios”, de autoria do professor Walter de Paula Lima, do Departamento de Ciências Florestais, da ESALQ/USP, lançada ontem, 17 de junho, na Assembleia Legislativa de São Paulo.
“Do ponto de vista da ciência, os resultados acumulados de inúmeros trabalhos de pesquisa mostram que não existe, necessariamente, antagonismo nenhum entre uma coisa e outra”, resume o professor autor do estudo.
A análise feita por Walter de Paula Lima mostra também que “a alta produtividade destas plantações florestais guarda estreita relação com o consumo de água, o que, de pronto, requer que o planejamento do manejo leve em conta esta evidência, incorporando definitivamente os objetivos de conservação da água, a fim de evitar conflitos”.
Fruto do Diálogo Florestal, iniciativa independente que, desde 2005, busca facilitar a interação e a troca de conhecimento entre os representantes do setor socioambiental e os da indústria de base florestal, a publicação é também o primeiro volume da coleção Cadernos do Diálogo. Com a coleção, os participantes do Diálogo pretendem democratizar o acesso ao conhecimento científico e facilitar a tomada de decisões estratégicas para o desenvolvimento sustentável do país.
Para o Presidente do Conselho de Administração da Fibria, José Luciano Duarte Penido, participante do Diálogo Florestal, a publicação é uma excelente iniciativa, “o diálogo é a melhor forma de a sociedade brasileira encontrar um caminho sensato para questões tão atuais como, por exemplo, a revisão do Código Florestal”.
Na visão de Penido, o diálogo é o caminho para amenizar os discursos radicais que ignoram os pontos positivos do Código Florestal ou que, por outro lado, ignoram a necessidade de modernização da legislação.
Para o diretor executivo do Instituto BioAtlântica, Carlos Alberto Mesquita, também participante do Diálogo, “afirmar que as plantações florestais não necessariamente produzem danos não significa relativizar a questão das florestas, mas, sim, a das bacias hidrográficas”.
Segundo Mesquita, o estudo mostra que cada bacia hidrográfica tem uma dinâmica própria, e a disponibilidade de água não é uma questão apenas de uso do solo, mas um conjunto de fatores, que inclui também as precipitações e o tipo de manejo aplicado às plantações, homogêneas ou não. “Também não é só uma questão de manejo, pois, dependendo das condições hídricas da área, às vezes, nem restauração florestal intensiva com espécies nativas é interessante”, complementa Mesquita, lembrando que todas as florestas em crescimento costumam demandar volumes maiores de água.
Depois de abordar o tema da água, os participantes do Diálogo pretendem produzir uma publicação que agregue conhecimento sobre a questão da interação entre biodiversidade e silvicultura, outro tema polêmico do debate multissetorial.
Distribuída gratuitamente, a publicação “A Silvicultura e a Água: ciência, dogmas, desafios” possui 64 páginas redigidas de forma didática e ilustradas com gráficos e tabelas que facilitam a compreensão do tema.
Informações sobre a publicação impressa por favor envie um email para: secretariaexecutiva@dialogoflorestal.org.br.