Mudanças climáticas, restauração e paisagens sustentáveis foram discutidas na semana do The Forest Dialogue, nos EUA
Terminou na última sexta-feira (2/2), na cidade de New Haven nos EUA, a semana The Forests Dialogue (TFD) composta por reuniões do Comitê Gestor da organização, bem como eventos paralelos em parceria com a Universidade de Yale. Participaram da reunião 16 dos 23 integrantes do Comitê Gestor, sendo três brasileiros: José Carlos da Fonseca (Ibá), Maurem Alves (Klabin), e a coordenadora executiva nacional do Diálogo Florestal, Fernanda Rodrigues.
Os objetivos do evento incluíram apresentar as principais conquistas de 2023 e deliberar sobre as ações previstas para 2024, em especial as relacionadas às iniciativas do TFD: Restauração de Ecossistemas, Bioenergia Florestal, Plantações Florestais na Paisagem e o Diálogo do Uso do Solo. A Semana TFD proporcionou, ainda, interações com estudantes e professores da Universidade de Yale.
As atividades tiveram início na tarde de terça-feira (29/01) com reunião para orientação dos novos membros do Comitê Gestor. A partir de quarta-feira (30/01), a agenda foi recheada de palestras, encontros e reuniões.
A iniciativa Restauração de Ecossistemas teve seu diálogo de escopo realizado em 2023, e avançará para a fase de diálogo de campo em abril de 2024 na Indonésia. Um segundo diálogo de campo está previsto para acontecer no Brasil no início de 2025.
Já a iniciativa Bioenergia Florestal, que tem foco inicial no contexto dos EUA, realizará reuniões ao longo de 2024 nas costas leste e oeste do país, após a etapa de escopo ser concluída em fevereiro. Para o futuro, a recomendação do Comitê Gestor é de que seja realizada a internacionalização desta iniciativa.
No contexto das Plantações Florestais na Paisagem, o diálogo de campo ocorrido em 2023 na Indonésia contou com a participação de Maurício Talebi, do conselho de coordenação do Diálogo Florestal, da Universidade Federal de São Paulo – Campus Diadema; e Maurem Alves da Klabin. A iniciativa deve migrar para novo estágio no contexto do Diálogo do Uso do Solo (LUD, na sigla em inglês).
Sobre o Diálogo do Uso do Solo, Fernanda, que também é líder internacional do LUD no contexto do TFD, apresentou as seis iniciativas em andamento no Brasil. Além disso, foram discutidas possíveis novas edições do LUD no Equador e na Indonésia.
Fernanda afirma que o Brasil foi palco do primeiro piloto do LUD no mundo e, desde 2019, tem avançado a passos largos para promover o debate de paisagens sustentáveis no país. “Vamos evoluir agora para entender os impactos dos Diálogos do Uso do Solo no Brasil e na captação de recursos para a iniciativa em nível internacional”, observa.
Ela explica que a criação do Fórum Florestal da Amazônia e a inclusão do Brasil como o principal país no contexto das iniciativas de construções de paisagens sustentáveis, considerando a cadeia de celulose, papel e embalagens trazidas por recente publicação do Tropical Forest Alliance, Proforest e CDP, são exemplos de resultados concretos desses esforços.
De acordo com Fernanda, novas iniciativas para Biodiversidade e Rastreabilidade também foram propostas. “Agora, é preciso avançar para a etapa de detalhamento, para posterior avaliação por parte do Comitê Gestor”, avalia.
Atividades da YSE
As atividades paralelas ao longo da semana TFD foram numerosas, envolvendo estudantes da Yale School of the Environment (Escola do Meio Ambiente da universidade de Yale), onde está sediada a secretaria executiva do evento.
Um almoço com integrantes do Capítulo Estudantil da Sociedade de Restauração Ecológica (SER) oportunizou a troca de experiências entre os representantes do TFD e cerca de 15 estudantes com interesse na temática da restauração, já no terceiro dia de evento, na quinta-feira (31/01).
Na manhã seguinte (1º/2), Maurem Alves e Cecile Ndjebet participaram de uma sessão especial com estudantes de Yale, para falar sobre equidade de gênero no contexto do ODS 5. Já no período da tarde, os estudantes de mestrado e professores de Yale debateram um dos temas que mais esteve em pauta ao longo da semana: “Florestas em um clima em mudança: sumidouro ou fonte de gases de efeito estufa? (Forests in a Changing Climate: Greenhouse Gas Source or Sink?)”.
A temática das mudanças climáticas também foi pauta da 30ª Conferência da Sociedade Internacional de Silvicultores Tropicais (ISTF) que teve como título “Integrando clima e biodiversidade para florestas tropicais resilientes: uma abordagem holística”. Uma conversa com integrantes do Comitê Gestor do TFD, durante o almoço do último dia, gerou reflexões profundas, especialmente entre participantes da Amazônia e da Bacia do Congo.
Ainda na Conferência, a brasileira Ane Alencar, do IPAM, foi uma das painelistas sobre perspectivas de integração regional para impacto global.
Presença essencial
Conforme Fernanda, a presença do Diálogo Florestal no evento é crucial para compartilhar as experiências brasileiras na condução de diálogos de múltiplas partes interessadas no contexto do setor florestal. “Além disso, é a partir da nossa presença em eventos como esse que conseguiremos posicionar o Brasil no centro das discussões internacionais sobre florestas”, conclui.
A próxima reunião do Comitê Gestor está marcada para maio de 2024, no formato online.
Sobre o The Forests Dialogue
O Diálogo Florestal Internacional (TFD, sigla em inglês para The Forest Dialogue) surgiu no ano 2000, capitaneado pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, sigla em inglês) e pelo World Resources Institute (WRI). Grandes organizações ambientalistas, pesquisadores das ciências ambientais e representantes de movimentos sociais integram o TFD. O primeiro encontro realizado no Brasil foi em outubro de 2003, com o tema “biodiversidade”, quando surgiu a ideia de implantar uma iniciativa similar no país, reunindo empresas e organizações ambientalistas. A ideia foi consolidada em 2005.
Texto: Eccoa Comunicação | Edição: Fernanda Rodrigues