Seminário sobre plantios florestais em Belo Horizonte foi um sucesso

por | jun 27, 2012 | Fórum Florestal Mineiro

O Fórum Florestal Mineiro, que tem a Amda como secretaria executiva, realizou o Seminário sobre Plantios Florestais – Sustentabilidade e Proteção da Biodiversidade em Belo Horizonte. O evento, que aconteceu nos dias 04 e 05 de junho, contou com grande interesse dos participantes no que diz respeito à preocupação com a preservação do meio ambiente no contexto dos plantios florestais.

Os 150 congressistas que participaram do evento tiveram a chance de esclarecer diversas questões acerca dos plantios que, no Brasil, em sua maioria, são de eucalipto. Os 17 palestrantes convidados reforçaram como eles podem, se devidamente realizados, se tornar verdadeiros aliados na proteção da biodiversidade, evitando o consumo de madeira proveniente de mata nativa.

A importância do Seminário vai de encontro à proposta do Diálogo Florestal, conforme colocou Leonardo Genofre, gerente de relações corporativas da Fibria e representante da Bracelpa. “Ele traz um estreitamento entre empresas e ONGs. Favorece um aprendizado pelas corporações quanto a temas que antes eram polêmicos e agora são compreendidos de uma forma melhor,” comentou. O debatedor convidado para o evento, Élio Nunes, da ArcelorMittal, realçou a necessidade de entendermos a questão dos plantios em maior profundidade ao apontar, dentre os dados, que a produtividade florestal no Brasil aumentou mais de três vezes nas últimas quatro décadas e que, atualmente, só restam cerca de 5% da cobertura florestal original da Mata Atlântica no país.

A programação teve diversos destaques. A mesa redonda sobre Mitos e Verdades sobre o Plantio Florestal foi um deles. Dela, fez parte José Carlos Arthur Júnior, do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF). Os debatedores lembraram que, na década de 70, o IPEF recomendava, nas operações envolvidas no preparo do solo para plantio de florestas, o desmatamento e queima das leiras ou encoivaras, mostrando que, felizmente, a questão evoluiu com o passar dos anos.

Marcelo Wiecheteck, diretor da STCP Engenharia, falou sobre a posição do Brasil no mercado de madeira mundial. Segundo ele, a demanda global por celulose do eucalipto deverá ter um forte crescimento. Já Rodrigo Queiroz Amaral apresentou o Projeto Amaru, a primeira madeira brasileira desenvolvida especialmente para a construção civil, obtida a partir de estudos genéticos com clones de eucalipto produzidos pela Plantar, empresa que desenvolve produtos com base em pesquisas científicas e tecnológicas desde 1967.  Conforme explicou Amaral, “a madeira Amaru destaca-se pela durabilidade, eficiência e uniformidade”.

Na mesa redonda Novos Negócios e Mercado de Carbono, que contou com a participação de Antônio Francisco Bellote (Empraba Florestas Energéticas), Warwick Manfrinato e Maria Jose Brito Zakia, Bellote informou que, em 2011, os produtos florestais (celulose, papel e madeira, principalmente) representaram 9,1% do total das exportações do agronegócio brasileiro, perdendo apenas para os complexos da soja (25,9 %), sucroalcooleiro (22,0 %) e carnes (13,8 %).

No debate sobre Meio Ambiente e Plantações, Roosevelt de Paula Almado falou sobre Plantios Florestais e Proteção da Biodiversidade. Conforme explicou, o grupo ArcelorMittal Brasil é detentor de áreas que compreendem os dois mais importantes biomas brasileiros: o Cerrado e a Mata Atlântica.  “As questões referentes à biodiversidade podem afetar a localização de nossas instalações, a expansão das mesmas, bem como acarretar alterações em nossos processos de modo a garantir que a produção não cause impactos adversos à biodiversidade”, garantiu. Já o professor Walter de Paula Lima (ESALQ) abordou a relação entre plantações, proteção e consumo de água ao compará-la com outras culturas. José Rivelli, do Instituto Xopotó, Gilberth Ferrari, da Cenibra, e Luciana Antunes, do Instituto de Pesquisas Florestais abordaram questão dos plantios no contexto das comunidades.

Código Florestal faz parte do Seminário e traz visão de diferentes setores da sociedade

Outro destaque do Seminário foi a mesa redonda Código Florestal e Plantios, que contou com a presença de Maria Dalce Ricas, superintendente executiva da Amda, e Paulo César Vicente de Lima, do Ministério Público. O debate abordou a questão sob o ponto de vista jurista (Ministério Público), ambientalista (Amda) e industrial (Fibria e Bracelpa). Conforme colocou o promotor Paulo César Vicente de Lima, na visão do Ministério Público, as 620 emendas editadas pelo governo para suprir vácuos jurídicos deixados pelos vetos da presidente Dilma Rousseff demonstram uma insegurança jurídica muito grande por parte dos legisladores. “Esse texto é um pântano, o Brasil possui uma das legislações mais avançadas de meio ambiente do mundo, mas o problema é sua implementação”.

Já Maria Dalce Ricas, da Amda, lembrou que o Código Florestal não é e nunca foi assunto discutido entre os governistas e a sociedade. “Não houve discussão com a sociedade. As duas audiências públicas que aconteceram em Minas Gerais sobre o assunto, uma em Uberaba e outra em Belo Horizonte, foram eventos  apenas “políticos” afirmou ela. Dalce também falou do descontentamento do povo brasileiro quanto às mudanças. “As manifestações ‘Veta, Dilma’ que ocorreram no país  foram consideradas a maior mobilização da história pela sociedade civil  contra uma proposta de Lei”, afirmou a superintendente.