Tempo de priorizar a restauração

fev 11, 2021 | Notícias

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o período de 2021-2030 como a Década das Nações Unidas sobre Restauração de Ecossistemas. O objetivo é “intensificar a restauração de ecossistemas degradados e destruídos como uma medida comprovada para combater a crise climática e melhorar a segurança alimentar, o fornecimento de água e a biodiversidade”. O Diálogo Florestal definiu a temática como sua principal linha estratégica de trabalho para 2021 e foi reconhecido oficialmente como apoiador da Década.

E o tema restauração está na agenda do Diálogo Florestal de diferentes maneiras, tanto integrando importantes coletivos quanto com ações previstas em seu planejamento.

Dois coletivos têm importância especial no contexto da restauração e contam com a participação do Diálogo: A Aliança pela Restauração da Amazônia e o Pacto pela restauração da Mata Atlântica. A Aliança pela Restauração da Amazônia reúne representantes do governo, empresas, sociedade civil organizada e academia, de forma voluntária, para atuar como catalisadora e amplificadora da agenda de restauração daquele bioma. Já o Pacto pela restauração da Mata Atlântica atua desde 2009 e tem como meta viabilizar a recuperação de 15 milhões de hectares até o ano de 2050.

Como parte da estratégia de promoção do tema restauração, este ano será lançado um novo volume da série “Cadernos do Diálogo” com este tema e a terceira edição dos “Casos de Sucesso” trazendo casos de sucesso no Brasil na área da restauração. Para além destas publicações, ainda estão previstas ações como a realização de seminários para discutir a regulamentação dos Programas de Regularização Ambiental (PRA) dos Estados e elaboração de Projetos de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas (PRADA) previsto no Código Florestal nos principais biomas brasileiros e a promoção de debates sobre recursos hídricos no contexto do manejo florestal, através de uma iniciativa junto ao Diálogo Florestal Internacional e em evento paralelo durante o Congresso Florestal Mundial.

Desde 2016 o Diálogo Florestal lidera o Diálogo do Uso do Solo no Brasil, uma plataforma de participação de múltiplas partes interessadas e que tem como propósito reunir conhecimento e liderar processos que influenciam negócios responsáveis, melhorem a governança de territórios e promovam o desenvolvimento inclusivo em paisagens relevantes. Atualmente conta com um plano de ação para a realização de Diálogos do Uso do Solo em várias regiões do país até 2022. Já foram realizadas edições em Santa Catarina, na Amazônia e na Bahia. Este projeto engloba o pensamento de forma integrada, sendo a restauração um dos componentes fundamentais para a criação de paisagens sustentáveis.

No Brasil, o aprendizado vem sendo cada vez maior sobre a correlação da paisagem e das diferentes partes interessadas e afetadas em determinado contexto de uso de solo. Diferentes integrantes da cadeia florestal entendem cada vez mais que não podem atuar de maneira isolada e, para isso, precisam dialogar. Os fatores ambiental e social não podem ser esquecidos: eles interagem e possuem relevância na visão integrada de paisagem. Cada perspectiva diferente pode ajudar no desenvolvimento de uma paisagem mais consistente e sustentável. Diversidade também se torna uma palavra-chave nesse contexto, seja para definir as relações sociais e econômicas integradas com esse ambiente, seja para caracterizar a biodiversidade nos projetos de restauração por exemplo, ou ainda sobre como deve ser o uso do solo em determinada região considerando as alternativas de geração de renda. Falar em paisagem hoje significa relatar uma série de iniciativas que ultrapassam as barreiras físicas das empresas e das organizações, visando a construção de uma visão de paisagem e promoção da resiliência dos ecossistemas.

Mais do que nunca, são considerados prioritários os movimentos que unem diversos atores na busca por soluções tendo como norte a restauração, em especial, de áreas degradadas. O Diálogo Florestal está preparado para fomentar esse debate de forma a contribuir com o cumprimento das metas de restauração estabelecidas pela ONU.

Autora: Fernanda Rodrigues.