Diálogo de Campo do LUD Centro de Endemismo Belém chega à região de Tomé-Açu
A segunda etapa do Diálogo do Uso do Solo (Diálogo de Campo) foi realizada em sua segunda edição, no Centro de Endemismo Belém – agora em Tomé-Açu. Realizada em março, teve como objetivos promover a aprendizagem vivencial através da realização de diálogos de campo trazendo os aspectos relacionados aos desafios e oportunidades vislumbradas e conversar com as partes interessadas da paisagem para ampliar o entendimento das vivências associadas ao foco do diálogo. Foram três dias de atividades que contaram com apresentações, visitas de campo, trabalho em grupos e discussões em plenária.
No primeiro dia do encontro grupos de trabalho revisaram os desafios e as oportunidades discutidas e validaram as linhas de fratura como o conflito entre commodities e produção familiar, regularização fundiária, lacunas de informação, adoção de boas práticas agrícolas, falta de divulgação de informações e pesquisas participativas que incentivem o envolvimento das comunidades nas discussões, baixa integração dos estudos em andamento no compartilhamento com os tomadores de decisão sobre manejo comunitário e familiar, logística e infraestrutura precárias, atividades ilegais, redes de discussão, que precisam ser intensificadas com equidade de gênero, implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA), assistência técnica qualificada para a agricultura familiar, incluindo manejo de sistemas agroflorestais e regularização ambiental.
Vivências
No segundo dia do encontro, foram realizados os diálogos de campo em si, para que os participantes pudessem ouvir diferentes perspectivas das partes interessadas na região e compartilhar suas opiniões sobre os temas discutidos.
Na primeira visita, à propriedade de Michinori Konagano, foi destacada a importância da pesquisa e do compartilhamento de conhecimentos sobre sistemas agroflorestais (SAF). Foram abordados temas como análise do solo, nutrição do solo, diversificação de culturas, uso de agroquímicos e a importância das abelhas na polinização. A necessidade de publicar os resultados das experiências e promover o compartilhamento de conhecimentos entre diferentes gerações também foi mencionada.
Na segunda visita, à propriedade de Manoel do Carmo, foi discutido o SAF adotado pela família, que inclui o cultivo de essências arbóreas para sombreamento do cacau. O produtor rural enfatizou a importância da diversificação de culturas, incluindo alimentos para subsistência. Também foi mencionado o apoio da Emater e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nas atividades desenvolvidas na propriedade.
A última visita foi à fazenda de propriedade de Marcio Hiramizu foi discutido o cultivo de dendê e açaí. Foi destacada a importância das áreas de vegetação nativa como barreiras contra pragas e a necessidade de monitoramento da fauna. Também foi mencionado o modelo de parceria com a Agropalma para o cultivo de dendê e açaí.
Durante as visitas, foram ressaltados desafios como a falta de publicação e compartilhamento de experiências, a passagem do conhecimento entre gerações e a necessidade de projetos de pagamento por serviços ambientais (PSA). Além disso, foram abordadas questões relacionadas ao uso de agroquímicos, diversificação de culturas e a importância da pesquisa e do apoio técnico.
As discussões e pesquisas de campo resultaram na definição da visão de paisagem para a região: “Território intercultural, sustentável e saudável, com políticas públicas de adequação ambiental implementadas, existência de corredores ecológicos e florestas valorizadas integradas às SAFs e demais sistemas biodiversos e cooperativos. Comunidade informada, participativa com geração de renda inclusiva, segurança e soberania alimentar”.
Para alcançar essa visão, foram definidas as cinco ações prioritárias:
- Ações de sucessão familiar na agricultura local e capacitação de jovens
- Promoção da regularização fundiária e segurança jurídica no agro paraense (governo do estado, ONG, empresas e produtores)
- Políticas públicas para mulheres rurais
- Projeto de restauração ecológica para recuperar os fragmentos de floresta nativa
- Projeto de fomento para adequação ambiental
As atividades desses três dias foram realizadas pelo Diálogo Florestal / Fórum Florestal da Amazônia e The Forests Dialogue com apoio financeiro da Agropalma / Conservação Internacional (CI-Brasil), Diálogo Florestal, Suzano e The Forests Dialogue. Acesse a íntegra do resumo das co-lideranças do diálogo de campo na região de Tomé-Açu.
Este foi o segundo diálogo de campo na região do Centro de Endemismo Belém. O primeiro aconteceu na região do Mosaico Gurupi, em novembro de 2022.
Autoria: Juliane Ferreira