Diálogo de Campo do LUD Centro de Endemismo Belém chega à região de Tomé-Açu

jun 27, 2023 | LUD, Notícias

Amazônia Brasil

A segunda etapa do Diálogo do Uso do Solo (Diálogo de Campo) foi realizada em sua segunda edição, no Centro de Endemismo Belém – agora em Tomé-Açu. Realizada em março,  teve como objetivos promover a aprendizagem vivencial através da realização de diálogos de campo trazendo os aspectos relacionados aos desafios e oportunidades vislumbradas e conversar com as partes interessadas da paisagem para ampliar o entendimento das vivências associadas ao foco do diálogo. Foram três dias de atividades que contaram com apresentações, visitas de campo, trabalho em grupos e discussões em plenária. 

No primeiro dia do encontro grupos de trabalho revisaram os desafios e as oportunidades discutidas e validaram as linhas de fratura como o conflito entre commodities e produção familiar, regularização fundiária, lacunas de informação,  adoção de boas práticas agrícolas, falta de divulgação de informações e pesquisas participativas que incentivem o envolvimento das comunidades nas discussões, baixa integração dos estudos em andamento no compartilhamento com os tomadores de decisão sobre manejo comunitário e familiar, logística e infraestrutura precárias, atividades ilegais, redes de discussão, que precisam ser intensificadas com equidade de gênero, implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA), assistência técnica qualificada para a agricultura familiar, incluindo manejo de sistemas agroflorestais e regularização ambiental.

Vivências

No segundo dia do encontro, foram realizados os diálogos de campo em si,  para que os participantes pudessem ouvir diferentes perspectivas das partes interessadas na região e compartilhar suas opiniões sobre os temas discutidos. 

Na primeira visita, à propriedade de Michinori Konagano, foi destacada a importância da pesquisa e do compartilhamento de conhecimentos sobre sistemas agroflorestais (SAF). Foram abordados temas como análise do solo, nutrição do solo, diversificação de culturas, uso de agroquímicos e a importância das abelhas na polinização. A necessidade de publicar os resultados das experiências e promover o compartilhamento de conhecimentos entre diferentes gerações também foi mencionada.

Na segunda visita, à propriedade de Manoel do Carmo, foi discutido o SAF adotado pela família, que inclui o cultivo de essências arbóreas para sombreamento do cacau. O produtor rural enfatizou a importância da diversificação de culturas, incluindo alimentos para subsistência. Também foi mencionado o apoio da Emater e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nas atividades desenvolvidas na propriedade.

A última visita foi  à fazenda de propriedade de Marcio Hiramizu foi discutido o cultivo de dendê e açaí. Foi destacada a importância das áreas de vegetação nativa como barreiras contra pragas e a necessidade de monitoramento da fauna. Também foi mencionado o modelo de parceria com a Agropalma para o cultivo de dendê e açaí.

Durante as visitas, foram ressaltados desafios como a falta de publicação e compartilhamento de experiências, a passagem do conhecimento entre gerações e a necessidade de projetos de pagamento por serviços ambientais (PSA). Além disso, foram abordadas questões relacionadas ao uso de agroquímicos, diversificação de culturas e a importância da pesquisa e do apoio técnico.

As discussões e pesquisas de campo resultaram na definição da visão de paisagem para a região: “Território intercultural, sustentável e saudável, com políticas públicas de adequação ambiental implementadas, existência de corredores ecológicos e florestas valorizadas integradas às SAFs e demais sistemas biodiversos e cooperativos. Comunidade informada, participativa com geração de renda inclusiva, segurança e soberania alimentar”. 

Para alcançar essa visão, foram definidas as cinco ações prioritárias:

  1. Ações de sucessão familiar na agricultura local e capacitação de jovens
  2. Promoção da regularização fundiária e segurança jurídica no agro paraense (governo do estado, ONG, empresas e produtores)
  3. Políticas públicas para mulheres rurais
  4. Projeto de restauração ecológica para recuperar os fragmentos de floresta nativa
  5. Projeto de fomento para adequação ambiental

As atividades desses três dias foram realizadas pelo Diálogo Florestal / Fórum Florestal da Amazônia e The Forests Dialogue com apoio financeiro da Agropalma / Conservação Internacional (CI-Brasil), Diálogo Florestal, Suzano e The Forests Dialogue. Acesse a íntegra do resumo das co-lideranças do diálogo de campo na região de Tomé-Açu. 

Este foi o segundo diálogo de campo na região do Centro de Endemismo Belém. O primeiro aconteceu na região do Mosaico Gurupi, em novembro de 2022.

 

Autoria: Juliane Ferreira